Alterações ao Código do Trabalho

<b><font color=0094E0>Retrocesso de décadas</b></font>

Do conjunto vasto de razões que sustentam a moção de censura uma há que emerge com especial relevância e que confere a esta iniciativa política dos comunistas um carácter imperativo e incontornável: o conteúdo das propostas de alteração apresentadas pelo Governo ao Código do Trabalho. Trata-se, na opinião do PCP, de um «ataque frontal aos direitos dos trabalhadores», de uma «formal declaração de guerra» que, a não ser derrotada, representará «um profunda regressão social».
Comportam mesmo «um perigo real de retrocesso de décadas», alertou o Secretário-geral do PCP, ao interpelar no debate o primeiro-ministro, a quem acusou de ter passado «para o lado de lá, para o lado dos poderosos, contra os trabalhadores e contra a Constituição da República».
Este foi um dos momentos mais acesos e duros do debate, com Jerónimo de Sousa a subir o tom das críticas a um Executivo que, no seu entender, é o autor de propostas que vêm ao encontro de três questões centrais há décadas reivindicadas pelo grande patronato. É o caso, referiu, de «poder despedir quem, quando e como quiser», aplicando «um novo conceito de despedimento, designadamente o de inaptidão ao posto de trabalho»; com isso, «tornando precários todos os trabalhadores e aumentando a fragilidade dos que já o são». Uma segunda questão tem a ver com uma ainda maior desregulamentação do horário de trabalho, afectando, dessa forma, a vida pessoal e familiar dos trabalhadores. A terceira questão prende-se com a tentativa de liquidar a contratação colectiva pela caducidade, pondo em causa direitos conquistados durante anos.
Nas propostas do Governo PS, em tudo contrárias ao que dizia defender quando estava na oposição, aprofundando assim o caminho iniciado pelo Governo PSD/CDS-PP, perpassam ainda outros objectivos não menos gravosos como sejam a reduzir os salários e remunerações, manter a eliminação do princípio do tratamento mais favorável (assim aumentando o poder do patronato para a compressão dos direitos laborais) e fragilizar e enfraquecer a organização sindical.


Mais artigos de: Assembleia da República

<b><font color=0094E0>Uma política sem futuro</b></font>

Exemplos concretos dos efeitos negativos da actual política, que considerou contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo - e por isso merecedora de firme condenação e repúdio -, deu-os ainda Jerónimo de Sousa na conferência de imprensa.

<b><font color=0094E0>Verdades incómodas</b></font>

Neste debate quinzenal com o primeiro-ministro, em que pertenceu à bancada comunista dar-lhe início e escolher os temas, voltou a ficar patente o esforço do Governo para, mistificando a realidade, encontrar forma de iludir os problemas e furtar-se às questões suscitadas. Não se esgotaram porém neste plano as suas...

Não à liberalização

A Assembleia da República inviabilizou diplomas do PCP e do BE sobre os horários do comércio em grandes superfícies. Um outro projecto de lei sobre a mesma matéria, do PSD, baixou à comissão sem votação para apreciação na especialidade.Este último, em síntese, prevê a possibilidade de todos os estabelecimentos poderem...

PCP contra provocação a Abril

O Grupo Parlamentar do PCP votou contra um voto de pesar da autoria do CDS/PP pela morte do Cónego Melo. O deputado comunista Agostinho Lopes, justificando a posição da sua bancada, sem deixar de ressalvar não estar em causa a morte de uma pessoa e a dor dos seus familiares, considerou que a iniciativa tinha subjacente o...